INCIDÊNCIA DE DIARREIA EM TERNEIROS LEITEIROS CRIADOS EM SISTEMA DE ESTACAS EM COMPARAÇÃO A DADOS DE LITERATURA DE OUTROS SISTEMAS

Emanuelle Baldo Gaspar, Patrício Azevedo dos Santos, Renata Wolf Suñé Martins, Alessandro Pelegrine Minho

Resumo


Introdução e justificativa: A diarreia é considerada uma das doenças mais importantes de terneiros. É uma enfermidade particularmente importante em animais leiteiros, uma vez que os mesmos são criados separados das mães, recebendo aleitamento artificial e sendo desmamados precocemente quando comparados ao gado de corte. Por esta razão, o sistema de criação de terneiras no qual os animais são mantidos do nascimento até o desaleitamento é de fundamental importância na saúde dos animais, uma vez que pode propiciar diferentes graus de exposição aos patógenos e influenciar no desenvolvimento da imunidade dos animais. Estima-se que as perdas mundiais relacionadas à diarreia estejam próximas a USD 33,50 terneiro/ano. Portanto, focar em sistemas de cria de terneiras visando minimizar a incidência de diarreia pode apresentar uma economicidade substancial ao produtor.

Objetivo: Avaliar a incidência, necessidade de tratamento e mortalidade associada à diarreia em sistema individual de criação de terneiras em estacas e comparar estes dados a dados de literatura relativos a outros sistemas de criação.

Metodologia: Foram utilizados 41 terneiros das raças Jersey e Holandesa, distribuídos ao acaso. Os animais foram desmamados 24 horas após o nascimento e distribuídos em piquetes com gramínea perene em sistema individual com estacas. Foram fornecidos água, feno de azevém e concentrado comercial (18% de proteína bruta) ad libitum. Toda vez que o piso onde os animais eram mantidos perdia a cobertura vegetal, os terneiros eram trocados de local. Os animais foram divididos em três grupos: tratado preventivamente com (a) homeopatia ou (b) mineral clinoptilolita e (c) controle. Como não houve diferença estatística no grau de diarreia entre estes grupos, os animais foram considerados como um grupo único para os dados apresentados neste trabalho. Cada animal recebeu dois litros de leite duas vezes ao dia e permaneceu no experimento em média 60 dias. Foi realizado diariamente o monitoramento da ocorrência de diarreia dos terneiros por meio de escore fecal, no qual foram considerados fezes: (1) líquidas, (2) pastosas e (3) duras. Aqueles animais cujo escorre fecal foi igual a (1) durante três ou mais dias consecutivos foram considerados com diarreia. Animais que apresentaram apenas um ou dois dias de fezes líquidas, com remissão espontânea dos sintomas foram considerados como portadores de disenteria osmótica, não compondo o índice de incidência de diarreia.

 

Resultados: No experimento executado na Embrapa Pecuária Sul a incidência de animais que apresentaram fezes líquidas por três ou mais dias foi de 53,65% (n=22/41). Dez animais apresentaram apatia pelo menos uma vez durante o experimento (24,39%). A incidência de animais que apresentaram fezes líquidas por três ou mais dias e estado apático concomitantemente foi de 21,95% (n=9/41). Dos 41, apenas sete (17,07%) precisaram de tratamento. Não houve óbito no período. Estes índices foram inferiores a dados nacionais, observados na literatura, em trabalhos que utilizam outros sistemas de criação, sendo que nestes experimentos a incidência de diarreia foi de 100% na maioria dos trabalhos avaliados, com índices variados de mortalidade. Na própria Embrapa Pecuária Sul, em experimento anterior, a taxa de diarreia em sistema de cria coletivo também foi de 100%.

Conclusão: O sistema de criação de terneiras em estacas individuais avaliado no presente trabalho mostrou menor incidência de diarreia quando comparado a dados de literatura de outros sistemas.


Palavras-chave


bovino leiteiro; bezerro; sistema de cria

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