Estabelecimento e multiplicação in vitro de Amaranthus cruentus L., cv. BRS Alegria
Resumo
A espécie Amaranthus cruentus tornou-se foco de interesse por seu alto valor nutricional e propriedades medicinal e nutracêuticas, chegando a ser considerada uma das novas culturas do milênio. Dentre seus benefícios estão prevenção de doenças como câncer e diabetes. A cultivar de amaranto, BRS Alegria, é a primeira recomendada para cultivo no Brasil e, apesar da sua importância medicinal, ainda não existem protocolos para cultivo in vitro para essa cultivar e possível exploração de seus compostos bioativos. Para tanto, este trabalho objetivou desenvolver protocolos de estabelecimento e multiplicação in vitro de A. cruentus, cv. BRS Alegria, para que possam ser obtidas plantas com condições fitossanitárias adequadas para possível exploração dos seus compostos bioativos. Para a escolha do melhor meio de estabelecimento das plantas in vitro, sementes de amaranto, pré-germinadas em B.O.D., foram inoculadas em meio MS completo ou com 50% da concentração de sais, na presença e ausência de carvão ativado. Após a definição do melhor meio, foram testados diferentes sistemas de vedação de frascos - erlenmeyers, vedados com algodão ou alumínio e frascos tipo conservas, com tampa plástica ou alumínio. Em ambos os experimentos, as plantas permaneceram durante 35 dias, em sala de crescimento a 25 ± 2°C, 16 horas de fotoperíodo e 48 µmol m-2 s-1 de densidade de fluxo de fótons, sendo posteriormente avaliadas quanto à taxa de sobrevivência (%) e contaminação (%). Para a multiplicação, as plantas obtidas foram transferidas para os seguintes meios de cultura: MS 50% combinado com 1,0 mg L-1 cinetina (CIN); 1,0 mg L-1 de CIN + 0,01 de ácido α-naftaleno acético (ANA); 0,5 mg L-1 de CIN + 0,01 mg L-1 de ANA. Após 35 dias, foram avaliados altura das plantas, número médio de gemas e brotos, massa fresca e seca de parte aérea, comprimento e massa seca de raízes. Os dados foram submetidos à análise de variância (p≤0,05) e as médias comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro. No meio de cultivo MS 50% foi obtido a maior porcentagem de sobrevivência (100%) e a menor percentagem de contaminação (0%). Para o experimento realizado com diferentes sistemas de vedação, os explantes mantidos em erlenmeyers vedados com algodão, apresentaram a maior média de sobrevivência, indicando ter ocorrido facilitação nas trocas gasosas e processos fotossintéticos. Na fase de multiplicação, o meio MS 50% promoveu os maiores valores para altura de plantas, número médio de gemas, massa fresca e seca de parte aérea, comprimento e massa seca de raízes. O tratamento com 1 mg L-1 de CIN expressou as menores médias nas análises de crescimento, exceto para número médio de brotos, onde obteve o maior valor, com 2,11, apontando realocação de energia para brotações em detrimento dos crescimentos em altura e radicular. Os resultados evidenciam o efeito da redução da concentração de sais e da sacarose do meio MS sobre variáveis morfogênicas em plantas micropropagadas, viabilizando ainda a redução dos custos de produção. O meio MS 50%, em frasco tipo erlenmeyer com vedação de algodão, é indicado para estabelecimento e multiplicação in vitro da espécie A. cruentus, cv. BRS Alegria.
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