UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA OLIVICULTURA COMO MATÉRIA-PRIMA NA PRODUÇÃO DE MATERIAIS COM POTENCIAL TECNOLÓGICO

Tereza Longaray Rodrigues, Marco Antônio da Fonseca Sobrinho, Isabela Vilanova Barcellos, Marcilio Machado Morais, André Ricardo Felkl de Almeida, Gabriela Silveira da Rosa

Resumo


A azeitona é amplamente utilizada como matéria-prima para produção de azeite de oliva, em que no Brasil essa produção ocorre majoritariamente no Rio Grande do Sul, sendo responsável por elevados volumes de resíduos. O principal resíduo formado é o bagaço de azeitona (BAz), sendo composto por caroço (CAz) e polpa de azeitona (PAz). O presente trabalho teve como objetivo a obtenção e caracterização de uma fração rica em caroço de azeitona, a partir dos resíduos do bagaço de azeitona da indústria do azeite de oliva, visando o emprego como matéria-prima na obtenção de celulose, e posterior aplicação na produção de outros materiais. Para isso, realizou-se emprego do separador do tipo leito de jorro, obtendo uma fração rica em polpa (PAz) e outra em caroço de azeitona (CAz). Os materiais, antes e após a separação (bagaço e caroço de azeitona), foram caracterizados por meio das técnicas de análise granulométrica, massa específica real e bulk, porosidade do leito de partículas e análise termogravimétrica, sendo esta última apenas para o caroço de azeitona. Após a separação do caroço da polpa, foi possível observar através da análise granulométrica aumento no tamanho médio das partículas de 0,753 mm para 1,376 mm, sendo este comportamento associado ao arraste de partículas menores pelo fluxo ascendente de ar no leito de jorro. Também se observou aumento nas massas específicas real (ρreal,BAz= 1376,6 kg.m-3; e ρreal,CAz= 1399,2 kg.m-3) e bulk (ρbulk,BAz= 398,60 kg.m-3; e ρbulk,CAz= 701,42 kg.m-3) e redução da porosidade do leito (εBAz= 0,7116; e εCAz= 0,4987), podendo ser associado com a remoção da polpa. Foi possível observar através da análise termogravimétrica (TGA) da fração rica em caroço de azeitona, que ocorreram picos característicos pela presença de lignina, hemicelulose e celulose, conforme abordado pela literatura. Portanto, os resultados se mostraram satisfatórios, concluindo que a separação realizada no leito de jorro ocasionou diferença nas características físicas das amostras. Além disso, foi possível se confirmar que o CAz é uma biomassa lignocelulósica, como demonstra a literatura.

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