Artrópodes associados a híbridos de videira
Resumo
A Região da Campanha do Estado do Rio Grande do Sul é um importante polo de produção de uvas finas. Vários artrópodes causam danos econômicos à videira, a filoxera Daktulosphaira vitifoliae (Hemiptera: Phylloxeridae) é um inseto sugador cujo ciclo de vida envolve a migração das raízes para a parte áerea e, posterioremente, da parte aérea para as raízes. Em Vitis vinifera, D. vitifoliae infesta apenas o sistema radicular não apresentando o ciclo completo, e nas cultivares suscetíveis oriundas dos Estados Unidos ocorre o ciclo completo. No manejo de D. vitifoliae tem destaque a enxertia das cultivares europeias sobre porta-enxertos de variedades americanas ou híbridas, os quais reduzem a viabilidade das formas radícolas do inseto e são pouco afetados. O presente trabalho objetivou monitorar durante ano agrícola 2014/2015 a incidência de D. vitifoliae em viveiro de porta-enxertos de videira na Região da Campanha do Rio Grande do Sul e com histórico de infestação. O experimento empregou os híbridos Paulsen 1103 e Teleki 4 seleção Oppenheiem (SO4). Durante a pesquisa não se empregou agrotóxicos, oportunizando a manifestação das populações de artrópodes em situação natural. Foi adotado o delineamento de blocos casualizados e quatro repetições. Cada bloco consistiu de uma fileira com 90 plantas e as unidades experimentais consistiram de 15 plantas. A intensidade de ataque de D. vitifoliae foi monitorada semanalmente mediante a coleta de um ramo apical por planta em 6 plantas por repetição. O material vegetal foi analisado em microscópio estereoscópio com 20X de aumento, sendo observadas as cinco folhas distais de cada ramo para registro da presença de galhas. Face ao reduzido tamanho do inseto, o método empregado para o monitoramento da atividade de dispersão e movimentação sazonal da filoxera empregou armadilhas adesivas constituídas por fitas adesivas de dupla face, transparentes e com 12 mm de largura, instaladas de modo a circundar os ramos e interceptar todas as formas caminhantes. Esta avaliação foi realizada em intervalos semanais com seis armadilhas por repetição, no período compreendido entre 27 de agosto de 2014 e cinco de outubro de 2015. As armadilhas permaneceram nas plantas por 6 dias e após foram recolhidas e distendidas sobre lâminas de vidro e analisadas em microscópio estereoscópio com 30X de aumento. Não foram capturadas formas migradoras de D. vitifoliae nas armadilhas adesivas. A expressiva captura de outros artrópodes como ácaros (Acari) e tripes (Insecta: Thysanoptera) confirma a eficácia das armadilhas na captura de pequenos artrópodes, evidenciando a falta de atividade locomotora da filoxera no viveiro. Todas as amostragens capturaram ácaros e, no híbrido SO4 totalizaram 7.074 indivíduos, equivalente a 5,25 ácaros por armadilha/semana. No híbrido Paulsen 1103, as capturas chegaram a 6.613 indivíduos, equivalente a 4,92 ácaros por armadilha/semana. A ausência de sintomas (galhas) nas folhas confirma o declínio da população de D. vitifoliae no viveiro, antes altamente infestado. As capturas de tripes durante todo o período de avaliação destaca a necessidade de atenção em estudos futuros para este táxon. No híbrido SO4 as capturas chegaram a 460 tripes, equivalente a 0,34 espécimes por armadilha/semana. No híbrido Paulsen 1103 foram capturados a 488 indivíduos, equivalente a 0,36 tripes por armadilha/semana. A eficácia das armadilhas na captura de ácaros e tripes em viveiros permite empregá-las para a detecção destes indivíduos e diagnose das espécies ocorrentes.
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