ANÁLISE PARASITOLÓGICA EM ALFACES (Lactuca sativa L.) COMERCIALIZADAS NO MUNICÍPIO DE BAGÉ-RS

DEBORA DA SILVA SILVEIRA, Cintia Lima Ambrozio, Patricia Albano Mariño

Resumo


As helmintoses intestinais apresentam distribuição mundial e assumem no Brasil papel relevante pelos elevados coeficientes de prevalência e pelas implicações clínicas e sociais que originam.  A disseminação de parasitoses por meio de hortaliças pode ocorrer através da água de irrigação, contaminação do solo ou diretamente por meio das mãos, quando contaminadas, dos manipuladores desses vegetais. Dentre as várias hortaliças produzidas pode-se destacar a alface (Lactuca sativa L.) como uma das mais consumidas. O objetivo desta pesquisa experimental foi verificar a ocorrência de parasitas em alfaces crespas comercializadas na feira livre e em supermercado do município de Bagé-RS. Foram adquiridas um total de cinco amostras para cada local pesquisado, compradas em dias diferentes. Tanto o preparo das amostras quanto as análises ocorreram de acordo com a metodologia proposta por Oliveira e Germano (2002) e foram realizadas no Laboratório Escola de Análises Clínicas do Curso de Farmácia (LEAC) da URCAMP/Campus Bagé. A leitura das lâminas foi realizada em triplicata para cada amostra. A análise dos resultados ocorreu através do programa Microsoft Excel®. Das 10 amostras de alface analisadas, todas (100%) apresentaram resultado positivo para algum tipo de parasito. Esta mostrou contaminação por ovos, cistos e larvas de helmintos. Entre os helmintos presentes nas amostras contaminadas, ovos de Ascaris sp. foram os mais encontrados (30%), tanto nas amostras comercializadas na feira livre como no supermercado. Esse fato pode estar ligado à maior freqüência deste helminto em relação aos outros parasitas, precárias condições sanitárias ou ainda por uma maior adesividade às folhas desta hortaliça decorrente da morfologia de sua casca. Os ancilostomídeos foram encontrados em 40% das amostras adquiridas na feira livre. Estes parasitas são geo-helmintos, o que faz com que determinadas características do solo, constituam fatores de importância crucial na biologia desses nematódeos. Os ovos de Hymenolepis nana foram encontrados em 10% das amostras comercializadas na feira livre. Diversos estudos comprovam que os ovos de helmintos podem sobreviver por períodos de tempo mais prolongados no meio aquático. Este fato poderia justificar a presença destes na alface, cujo cultivo exige terrenos permanentemente úmidos. Dentre os protozoários, foram encontrados somente os cistos de Entamoeba sp. em 20% das amostras adquiridas no supermercado. Os resultados deste estudo mostram que as hortaliças avaliadas não estão em boas condições de higiene, pois em todas foi encontrado algum tipo de contaminante. Comparando-se os dois diferentes pontos de aquisição das alfaces, foi possível observar que em 40% das amostras da feira livre foram encontrados ovos de parasitas  e em 100% larvas de helmintos. Já no supermercado, 20% de amostras continham ovos e cistos e 100% continham larvas de helmintos. Sendo assim, conclui-se que cuidados básicos de higiene antes do consumo de hortaliças tornam-se necessários. Associado a isso, métodos de plantio e cultivo de acordo com normas exigidas por órgãos sanitários podem contribuir para redução da transmissão de parasitoses intestinais, que constituem um problema de saúde pública nos países em desenvolvimento.

 


Palavras-chave


enteroparasitas; hortaliças; contaminação

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