O SUICÍDIO E O MODERNO - DA HONRA AO NIILISMO

CASSIANO LOPES SOTOMAIOR, Clarisse Ismério, Maria Rita Dias Fialho

Resumo


O suícidio sempre foi elemento presente na cultura humana em todos os períodos de seu processo histórico. No japão medieval, os Samurais que se desalinhassem ao Bushido (conjunto de principios morais e éticos que a respectiva classe guerreira deveria seguir, fundamentados no orgulho, na honra e na coragem) costumavam praticar o Seppuku, que consistia em abrir o próprio ventre com a espada, afim de, martirizando-se, purificar-se do desvio de conduta e conseguir uma morte tida como digna. Na Esparta do Séc.VII a.C, a cultura altamente belicista e guerreira, que criava seus homens dos sete aos dezoito anos em regime de treino militar, produzia cidadãos que compreendiam na inevitabilidade da morte em batalha, porém lutada bravamente, a tão almeijada ‘’bela morte’’ (que pode ser compreendida aos olhos de um ocidental do Séc.XXI como uma vertente suicída). Com a chegada do mundo moderno pós revolução industrial, e do Pós-modernismo, após a Segunda Guerra Mundial, os princípios culturais que norteam o suicídio em nosso tempo são ainda obscuros.O objetivo geral da pesquisa é analisar os processos histórico-culturais do suicídio, bem como identificar as relações e diferenças destes com o momento histórico atual, buscando desenvolver uma síntese que possibilite opções de recurso no entendimento do ato bem como sua prevenção.A metodologia desenvolve-se dedutivamente, sendo uma básica, de característica explicativa, qualitativa e bibliográfica.Durkheim (1858-1917) filósofo, sociólogo e antropólogo francês, em sua Obra ‘’O Suicídio’’, apresenta o liberalismo como fator preponderante na expansão do comportamento suicida, uma vez que este é fundamentado em uma antropologia economicista, onde o indivíduo é qualificado dentro de paradigmas do valor monetário e da cultura de consumo extremado, tendendo a enxergar-se socialmente despersonalizado enquanto integrante de uma família e/ou sociedade orgânica e culturalmente enraizada. É constatável, portanto, que a progressiva descriterialização hierárquica entre o Homem e o mercado por ele criado através da técnica, uma vez instaurado, inclina-se à desumanização do indivíduo enquanto sujeito cultural e histórico, tendendo a fazê-lo enxergar-se de modo objetificado e desprovido de suporte afetivo, o que pode levar ao ato suicída.Através da pesquisa desenvolvida pode-se concluir que, ao contrário do perceptível em certas culturas tradicionais, na postura referente à morte voluntaria, onde era comumente enquadrada como um ato de bravura e obtenção de respeito póstumo devido às circunstâncias relativas; O período moderno manifesta esta ação como último recurso de fuga em um ambiente cada vez mais hostil à integração humana.

 

Palavras-chave:suicídio; liberalismo; tradição.


Palavras-chave


liberalismo, suicídio, tradição

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