LEVANTAMENTO DA FLORA ARBUSTIVA E ARBÓREA SOB ALAMBRADOS, COMO FERRAMENTA DE RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA, NO MUNICÍPIO DE CAPÃO DO LEÃO, RS.

ARTUR MOLINA, Gustavo Crizel Gomes, Thales Castilhos de Freitas, Antonio Luiz Govea Silveira Junior, Stevan Mendes Pinheiro, Vinicius Schmalfuss Espindola

Resumo


Introdução: A supressão e fragmentação de ecossistemas naturais tem se mostrado como a principal causa da redução e extinção da biodiversidade. O uso de técnicas para restauração de áreas degradadas é uma demanda atual e futura. No Brasil, a premência em pesquisar, aprimorar e aplicar técnicas de restauração de ecossistemas degradados torna-se mais sensível quando considerada a necessidade de adequação de propriedades rurais ao novo código florestal. Sendo assim, as cercas com moirão (alambrados) que dividem propriedades rurais e confinam animais, possuem uma função ecológica e possivelmente para a restauração ambiental, servindo de área de pouso para avifauna e por defecação ou regurgitação esses animais podem depositar sementes sob os alambrados, que naturalmente são capazes de germinar, contribuindo na formação de núcleos de vegetação ou corredores ecológicos, que possibilitam a conectividade de fragmentos, favorecendo o fluxo gênico entre populações isoladas de plantas e animais. Esses núcleos de vegetação facilitam a ocupação da área por outras espécies vegetais, promovendo assim a restauração ecológica. Objetivo: Identificar espécies vegetais de hábito arbustivo e arbóreo de dispersão zoocórica, ao longo de alambrados, procurando evidenciar a importância dessas estruturas para restauração de ambientes degradados. Metodologia: A pesquisa se realizou no campus Capão do Leão da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no município de Capão do Leão, RS. Foram escolhidos quatro alambrados, para essa escolha foram excluídos alambrados que possuíam fios elétricos em cima e também aqueles que possuíam plantas superiores a sua altura. A amostragem foi realizada ao longo de 80 metros em quatro alambrados, totalizando 320 m. Foram identificadas todas as espécies zoocóricas, com hábito arbustivo e arbóreo, numa faixa de 50 cm para cada lado do alambrado. A identificação da espécie foi realizada com auxílio de bibliografia especializada e consulta a especialistas. Resultados: No total foram amostrados 164 indivíduos distribuídos em 19 espécies de 13 famílias, sendo Daphnopsis racemosa Griseb. a mais abundante (n=53), seguindo de Opuntia monacantha Haw. (n=32), Schinus terebinthifolia Raddi (n=28), Berberis laurina Thunb (n=15). e Schinus polygamus (Cav.) Cabrera (n=11). Todas as outras 14 espécies apresentaram abundância inferior a cinco indivíduos. Quanto à categoria sucessional, foram identificadas 12 espécies pioneiras, quatro secundárias iniciais e três secundárias tardias, mostrando que está ocorrendo sucessão ecológica no ambiente. O hábito arbóreo foi o mais comum com 14 espécies, enquanto cinco espécies são arbustivas. Todas as espécies encontradas possuem síndrome de dispersão zoocórica, porém, sendo 18 ornitocóricas e O. monacantha mamalicórica. Conclusão: 90% das espécies identificadas no trabalho são ornitocóricas, mostrando assim o potencial dos alambrados para a restauração ecológica, pois as aves utilizam estes poleiros (arames) e depositam as sementes e as mesmas conseguem germinar e gerar novas plantas. Além disso, está ocorrendo sucessão ecológica nestes ambientes, corroborada com a identificação de espécies pioneiras e secundárias iniciais e secundárias tardias. Este trabalho é o primeiro passo para que o uso de alambrados possa ser uma ferramenta importante de restauração ecológica na região.

Texto completo:

PDF

Apontamentos

  • Não há apontamentos.