Doença do olho Seco em Cães - Estudo Retrospectivo 87 Casos

GABRIELA TRINDADE SABINO, KAROLINE WAGNER LEAL, MARTINA DORNELES NUNES, MAURÍCIO MACHADO CARLLOSSO, JOÃO PEDRO SUCSSEL FERANTI, LUÍS FELIPE DUTRA CORRÊA

Resumo


A ceratoconjuntivite seca é uma enfermidade comum no cão que se caracteriza por uma inflamação crônica das glândulas lacrimais, córnea e conjuntiva, que decorre em alterações não somente qualitativas, como também quantitativas do filme lacrimal, por isso se prefere chamar de doença do olho seco. Esta pode ter várias etiologias entre elas fármacos, cirurgias, idiopática, auto-imune, traumas orbital e supra-orbital, cinomose canina, envenenamento, agentes anestésicos entre outras. O ressecamento da superfície corneana pode ocorrer em razão de quebra do filme lacrimal devida à sua composição anormal. Os principais sinais clínicos da afecção blefaroespasmo, secreção mucóide ou mucopurulenta, ceratite ulcerativa, vascularização corneana e pigmentação, córnea dessecada, opacificada e eritrema conjuntival, narina episilateral seca, e infecção estafilocócica crônica. Deve-se sempre que possível tentar diagnosticar a provável causa da enfermidade a fim de obter uma melhor eficácia no tratamento. O tratamento oftálmico baseia-se na substituição do filme lacrimal com mucinas sintéticas e lágrimas artificiais, estimulação da secreção normal com agentes como a ciclosporina e a pilocarpina, controle da infecção secundária com uso de antibióticos, remoção do excesso de muco e inibidores da colagenase como a acetilcisteína e inibição dos mecanismos auto-imunes com ciclosporina e o tacrolimus.Relatam-se os oitenta e sete casos atendidos no Serviço de Oftalmologia Veterinária do Hospital Veterinário de Uruguaiana no período de 1 ano. Todos os animais foram encaminhados com histórico de secreção mucopurulenta, blefaroespasmos, ceratite pigmentar, ceratite ulcerativa e vascularização corneana. Esses animais eram predominantes das raças pequenas tendo dois cães da raça Bull Dog Inglês. Ao exame oftálmico, estes animais apresentavam hiperemia conjuntival (de moderada a grave), vascularização corneana, ceratite pigmentar e ulcerativas. As principais etiologias foram imunes tendo três casos por agente viral (cinomose). Os animais foram submetidos ao teste lacrimal de Schirmer, em que os valores variaram de zero a seis milímetros de lacrima no testes de lacrima de Schirmer. O tempo de quebra do filme lacrimal foi menor que dez segundos em média. O tratamento baseou-se no uso de imunossupressores, sendo o mais utilizado o tacrolimus, lubrificantes, antibióticos e anti-inflamatórios. Alguns casos, devido à ceratite ulcerativa, foram encaminhados para a cirurgia, outros tiveram a resolução terapêutica. Alguns animais tiveram complicações associada à indisponibilidade do proprietário e a resistência dos mesmos a administração frequente dos colírios. O prognóstico foi favorável em todos pacientes que continuaram sendo submetidos à terapêutica por uso contínuo. A ceratoconjuntivite seca, na sua essência, esta vinculada à eficiência do oftalmologista, à ação do fármaco indicado e à persistência do proprietário.

                                                                                                                                                          

 


Palavras-chave


cão, lágrima, ceratoconjuntivite seca

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