Avaliação do teor de antocianinas e da capacidade antioxidante de ervas-mate produzidas por cultivo orgânico e cultivo convencional

GLEICIMARA OLIVEIRA TRINDADE, Thaís Silveira Ribeiro, Patrícia Albano Mariño, Cíntia Lima Ambrózio, Silvia Helena Soares Oliveira, Guilherme Cassão Marques Bragança

Resumo


A erva-mate (Ilex paraguariensis St Hill.) ocorre naturalmente na América do Sul, sendo a região sul do Brasil a maior produtora. O vegetal pode ser colhido de plantação nativa ou cultivada, havendo também possibilidade de cultivo convencional ou orgânico. Torna-se importante o conhecimento da influência da forma de cultivo na composição antociânica e atividade antioxidante, fatores que vêm despertando grande interesse nos consumidores, pela capacidade de proteção cardiovascular, inibição do crescimento tumoral e redução dos lipídios sanguíneos. Objetivou-se comparar cinco ervas-mate de cultivo tradicional (T1, T2, T3, T4 e T5) com uma marca de erva-mate de cultivo orgânico (C.O.) quanto ao teor de antocianinas totais (expresso em mg de cianidina-3-glicosídeo por g de amostra) e capacidade antioxidante avaliada por meio de dois métodos (e valores para ambos expressos em μM Trolox.g-1 amostra). Utilizou-  -se o método denominado 2,2-difenil-1-picril-hidrazila (DPPH) e o método de 2,2´azino-bis-(3-etilbenzotiazolin 6-ácido sulfônico), também conhecido por método de ABTS. Atendidos os pressupostos, os dados foram submetidos à análise de variância através do teste F (p≤0,05). Constatando-se significância estatística ao nível de 5%, as variáveis dependentes para cinco ervas-mate foram comparadas com a amostra padrão (erva-mate de cultivo orgânico (C.O.)) pelo teste de Dunnett (p≤0,05).Observou-se que as cinco amostras de cultivo convencional diferiram significativamente da erva-mate cultivada de forma orgânica quanto ao teor de antocianinas. A erva-mate de cultivo orgânico apresentou teor antociânico de 20,31, valor este superior aos encontrados para T1 (12,46), T2 (17,02), T3 (17,98), T4 (18,19) e T5 (11,96). A variação do teor de antocianinas nas amostras estudadas pode ser explicada pela incidência de raios solares sobre a planta, visto que as antocianinas são compostos fenólicos produzidos em resposta à exposição do vegetal à radiação ultravioleta, como forma de proteção do mesmo contra a ação deletéria dessa forma energética. O fato de a erva-mate de cultivo orgânico ter sido superior quanto ao teor de antocianinas frente às demais, também pode ser justificado pela não interferência bioquímica de vias metabólicas de síntese de compostos antociânicos ocasionada por agentes químicos muitas vezes utilizados no cultivo convencional de tal vegetal.Também foi constatada superioridade da amostra cultivada de maneira orgânicaem relação às demais quanto à atividade antioxidante avaliada pela metodologia DPPH, com valores de 7,73para C.O., 1,97 para T1, 3,34 para T2, 5,60 para T3, 4,81 para T4 e 2,60 para T5. Embora apresentando valores menores, as ervas-mate de cultivo convencional denotam ainda importante ação antioxidante frente a radicais livres, principalmente de caráter aniônico. A capacidade antioxidante avaliada pela metodologia ABTS mostra que as ervas-mateT2 (50,99),T3(52,02) e T4 (52,25) não diferiram da erva-mate C.O. (51,72). Todavia, T1 (53,34) apresentou atividade sequestrante de radicais livres superior à referência, enquanto T5 (51,70) mostrou-se com o menor potencial antioxidante, diferindo da amostra padrão. Com base no exposto, conclui-se, para as amostras estudadas, que o cultivo orgânico pode ser utilizado como alternativa para se obter uma erva-mate com maior teor de antocianinas e elevada atividade antioxidante em comparação ao cultivo convencional.


Palavras-chave


Erva-mate, formas de cultivo, capacidade antioxidante

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