PLANTAS MEDICINAIS: PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS QUANTO A EFEITOS ADVERSOS

MAIRA GARCIA OYARZABAL, Patrícia Albano Mariño

Resumo


Muitos fatores têm contribuído para o aumento do uso de plantas medicinais, dentre eles o modismo relacionado ao uso de produtos naturais (principalmente em populações mais ricas), alto custo dos medicamentos industrializados, o difícil acesso à assistência médica e as propagandas de divulgação contendo curas milagrosas e sem reações adversas. Fatores como falta de conhecimento sobre condições de cultivo associada à correta identificação farmacobotânica da planta, modo de preparo, poucas informações sobre efeitos adversos, posologia e potenciais interações medicamentosas, são responsáveis pelo desencadeamento de intoxicações decorrentes do uso de plantas medicinais. O objetivo geral desta pesquisa foi avaliar a percepção de possíveis reações adversas provocadas pelo uso de plantas medicinais entre professores universitários do Centro de Ciências da Saúde, Campus Bagé-RS da Universidade da Região da Campanha (URCAMP). A coleta dos dados para a realização desta pesquisa descritiva transversal ocorreu em agosto de 2015, através de um questionário. Os dados coletados foram analisados através do programa Microsoft Excel®. A amostra foi calculada pelo programa EPiINFO versão 6, com prevalência estimada de 50%, com 95% de intervalo de confiança. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da URCAMP (Parecer n°1.186.224/2015) e todos os participantes assinaram e receberam uma via do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram realizadas 50 entrevistas. A maioria dos entrevistados foi do sexo feminino (82%). Quando questionados sobre o uso de plantas medicinais, 74% afirmaram utilizá-las. Dentre os professores que relataram fazer uso de plantas, foi constatado que 44% as utilizam diariamente, 14% utilizam de 3 a 4 vezes por semana, 6% utilizam nos finais de semana e 28% esporadicamente. Quanto aos possíveis efeitos adversos provocados pelas plantas consumidas, 76% dos participantes responderam que acreditam não ter sentido efeito algum, 18% não souberam responder e apenas 6% declararam ter algum tipo de reação adversa. Este dado pode ainda ser corroborado com a afirmação de 35,7% da população estudada que relata como um dos motivos para utilização de plantas medicinais a de “não provocar efeitos colaterais”. Através dos dados coletados, verifica-se que a maioria dos professores universitários sente-se encorajado a utilizar fitoterápicos por acreditarem que, por serem naturais, são seguros. Esta percepção não difere daquela encontrada em demais segmentos da sociedade já estudados por outros autores. Infelizmente, a maior parte dos fitoterápicos que são utilizados atualmente tanto por automedicação ou até mesmo por prescrição médica não tem o seu perfil tóxico bem conhecido. A farmacovigilância de plantas medicinais e fitoterápicos é uma preocupação emergente e, somente através da notificação dos profissionais da saúde e dos pacientes que as utilizam será possível identificar desconhecidos efeitos adversos, permitindo assim seu uso seguro e eficaz.


Palavras-chave


farmacovigilância; plantas medicinais; reações adversas

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