INTOXICAÇÃO EM GATOS POR CEBOLA (Allium cepa) – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

LARISSA ALBARNAZ DA ROSA, Regina Celis Pereira Reiniger, Peter de Lima Wachholz, Marcia Mar Guedes, Rudimar Costa Silva, Paôlla Freitas de Araujo

Resumo


Introdução: Os hábitos e apetite exigente dos gatos fazem com que a intoxicação alimentar ocorra menos frequentemente do que em outros animais, porém, a intoxicação por cebola é uma das principais toxicoses observadas nesta espécie. Este fato ocorre principalmente nos gatos devido a seu metabolismo, e pela ingestão de comidas industrializadas para bebês, oferecidos por seus tutores. A cebola (Allium cepa) é um alimento de consumo humano capaz de causar alterações hematológicas importantes no gato, sendo que a dose tóxica varia entre 5 e 10 g/kg. Objetivo: O objetivo deste trabalho é descrever sobre os efeitos tóxicos da cebola em gatos. Metodologia: O presente trabalho foi realizado através de uma revisão de literatura, baseado no levantamento de trabalhos científicos publicados em periódicos e obras literárias consagradas. Resultados: A cebola apresenta mais de um princípio ativo envolvido no processo tóxico, porém acredita-se que o n-propil dissulfito seja o principal agente, pois promove a transformação de hemoglobina em metemoglobina. O n-propil dissulfito atua inibindo as enzimas das vias do metabolismo energético, que são a glicólise anaeróbica e a derivação da hexose monofosfato ou via pentose fosfato, que são responsáveis também pela redução do glutation oxidado que evita a desnaturação oxidativa da hemoglobina. A hemoglobina felina é bastante sensível a lesão oxidativa, e também se dissocia mais rapidamente, e essa espécie apresenta uma capacidade reduzida na eliminação de substâncias oxidativas. O ferro2+ é oxidado em Fe3+, não conseguindo transportar oxigênio, pois resulta na formação da metemoglobinemia. Quando ocorre a desnaturação da hemoglobina, estas precipitam na superfície das hemácias, aumentando o percentual dos corpúsculos de Heinz. Gatos sadios apresentam até 20% de hemácias com presença de corpúsculo de Heinz, porém quando esse percentual está acima do citado, deve-se perguntar ao tutor, qual a alimentação que está sendo oferecida a este animal. Os primeiros sinais clínicos são normalmente associados à hemólise, como mucosas pálidas ou ictéricas ou cianóticas, frequência respiratória aumentada, letargia e fraqueza. Após algum tempo poderá ocorrer gastroenterite, como vômito, diarreia, dor abdominal e perda de apetite. Depressão, desidratação e hemoglobinúria também são observados. Essa intoxicação não tem antídoto específico, porém, deve ser realizado um tratamento de suporte com o objetivo de diminuir os efeitos oxidativos e evitar a lesão renal resultante da hemoglobinúria, para isso deve ser administrado precursores da glutationa, tais como o N-acetilcisteína. Em casos de hipoxemia grave ou anemia hemolítica pode ser realizada uma transfusão sanguínea. Caso a ingestão tenha sido até duas horas, deve-se induzir a êmese. O carvão ativado pode ser utilizado com o objetivo de adsorver os compostos dissulfetos. Conclusão: Em base ao material estudado pode-se concluir que a cebola é um alimento tóxico para o gato, assim como para outros animais domésticos. Para os gatos, isto é importante porque demanda um maior cuidado por parte dos proprietários ao deixar alimentos de bebês à disposição do animal, ou até mesmo oferecer suas sobras, já que o mesmo apresenta alta palatabilidade.


Palavras-chave


intoxicação, cebola, gato

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